terça-feira, 6 de maio de 2014

Cotopaxi.The Heart Breaker



O PLANO

Quando começamos a pesquisar sobre o Cotopaxi, vimos que há 2 opções, viagem de um dia, na qual você chega até o glaciar, vê de perto mas não sobe, tira fotos e volta; e a viagem de 2 dias, dormindo no refúgio e subindo até o cumbre no segundo dia, quando é necessário usar botas de neve com grampons, ice picks e corda entre o guia e nós. Achamos ótima a idéia de fazer a viagem de 2 dias. O Cotopaxi tem duas trilhas de subida, uma mais fácil, que não se usa mais porque é perigosa e outra que chamam de Heart Breaker, ou Quebra-Coração, porque não tem nenhum ponto sem inclinacão até o cumbre... são 45 graus de inclinacão até o topo. As pessoas que sobem, geralmente fazem uma média de 5 a 6 horas para os últimos 800 metros. (imagina andar 800 metros em 6 horas!!!)

Como preparação (para aclimatizacão) seria bom subir algum dos vulcões mais baixos, escollhemos o Pichincha, em Quito, fomos até o cumbre a 4.696 metros acima do nível do mar. Subir o Pichincha é fácil e não precisa de guia. Basta pegar o teleférico da cidade até o começo da montanha e seguir a trilha para o cumbre. O início é fácil, encaramos como aquecimento. Do meio para o fim é uma subida íngreme o suficiente para cansar e ter que pensar cada passo. Cada passo que você dá deve ser longo, por que meio metro que você sobe são pelo menos 30 centímetros que você escorrega para baixo... então você sempre tenta um passo maior. Ou outra técnica são vários passos pequenos, curtos e rápidos. Funciona. Bom treino para chegar ao Cotopaxi. Mas é treino... nada se compara a grandiosidade do Cotopaxi.



Dentro da agencia, provando o equipamento
Dois dias depois estavámos prontos, aclimatizados, com as pernas fortes, sem beber álcool, comendo bem, dormindo bem. Conversamos com várias agências e escolhemos a nossa. O guia deve ter certificado para entrar no parque. Poucos tem, encontramos um que tem. Sentimos que muitos deles tentam desencorajar as pessoas a irem... Dizem que 2 em cada 10 pessoas chegam ao cumbre do Cotopaxi, outras 3 voltam por tempestades, perigo de avalanches, outras 2 por não terem o físico preparado e outras 3 por que ainda não estão aclimatizadas então sentem as dores de cabeça e náuseas do mal de altitude. Além disso, o refúgio está reconstruindo (Maio 2014), ou seja, não é possível se hospedar lá, teríamos que ficar perto da entrada do parque, que é a meia hora de carro mais uma hora de caminhada íngreme do refúgio onde ficaríamos, o que aumenta nossa caminhada até o topo.

Resumindo o plano era: primeiro dia caminhar até o glaciar (45 minutos de carro e 1 hora de caminhada), vestir todas as ferramentas necessárias e treinar, praticar meia hora. Voltar, comer, dormir e acordar às 11pm, tomar café da manhã, para começar a caminhada a meia noite. Chegar ao cumbre entre 5h30 e 6h00 para assistir ao nascer do sol por 15 minutos e voltar.

Lemos todas as reviews do Trip Advisor, e incrívelmente todas as 3, 4 ou 5 estrelas são a respeito da day trip. Todas as de 1 ou 2 estrelas são a respeito de pessoas que  tentaram chegar ao cumbre, ou chegaram.

CURIOSIDADE

O Ecuador foi apontado como o Centro da Terra (em Quito) por ser o ponto mais próximo do espaco, considerando os países em que a linha do Equador passa (inclui Brasil e vários outros países). No Ecuador o vulcão mais alto é o Chimborazo. Quem sobe lá, está mais próximo do espaco do que alguém que já subiu o Everest, mesmo sendo mais baixo (em metragem). O mesmo acontece para quem sobe o segundo mais alto do Ecuador, o Nosso Cotopaxi!

NOSSO CAMINHO

Às 9h o nosso guia chegou em nosso hostel em Banos para nos buscar. No caminho para o Parque Nacional Cotopaxi paramos para comprar o que comeríamos nos próximos dois dias. Como sempre pasta com tomate para a noite antes da grande caminhada. Para o café da manhã pão, queijo, ovo e chá. Ele pergunta o que mais queremos... se queremos Coca-Cola... friendly guide. At first.

Chegamos ao parque perto da hora do almoço, esperamos pelo menos 30 minutos na portaria porque houve algum engano (?) em relação ao certificado do nosso guia (Expediciones Amazonicas) então tivemos que escrever nosso nome e assinar o papel de um outro guia que estava levando outros 2 Brasileiros para um day trip. Começamos mal. Nosso guia pagou US$20 para o outro guia “aceitar” nossos nomes no papel dele, o que significa que ele seria responsável por nós aquele dia. MAS ele estava indo para uma visita de apenas 1 dia e nós de 2 dias. Eu ainda me pergunto se as autoridades do parque sabem que estivemos lá no segundo dia. Fomos os únicos a escalar o Cotopaxi naquela noite. O refúgio estava totalmente vazio. Apenas uma garota Alemã perdida, sozinha, sem guia dormia lá conosco. O lugar é bem bacana... uma casa grande de um quarto com 28 camas (7 triliches com um colchão embaixo), uma cozinha, um banheiro (sem chuveiro) e uma área de refeitório.

Treinando na grama
No primeiro dia, conhecemos uma japonesa que chegou ao cumbre em 10 horas... parabéns!!! Uau. Ficamos impressionados pelo alto número de horas que ela levou. Assim que chegamos, conversamos uns 10 minutos com ela e ela foi embora. Estava cansadíssima, coitada. Depois de almoçar era hora de praticar. Vamos até o glaciar? O guia nos convenceu de que seria muito cansativo ir dois dias seguidos até o glaciar. Normalmente as agências fazem isso se o refúgio do meio do caminho está funcionando (o refúgio que está em construção é bem perto do glaciar), mas no nosso caso, não. Estávamos muito longe. Eu nunca tinha vestido grampons e queria praticar. Praticamos na grama, na montanha ao lado da casa onde dormimos. Ele dizia: aqui é muito mais fácil e você não está fazendo direito, tem que enfiar todo o “dente” do sapato. Não pode ser só até a metade. Amanhã vai ser muito mais difícil. O gelo do glaciar é duro. Agora que já passou sei que ele só queria me assustar e desencorajar, porque quando você está no gelo funciona super bem.



A vista da janela para o Cotopaxi
Às 5 da tarde começamos a jantar. O guia pediu para ligarmos um despertador. Dissemos que como não há energia lá para carregar o celular, gostaríamos se ele nos acordasse, assim poderíamos salvar bateria para tirar fotos no dia seguinte. Ele disse que sim, ok. Aí pensando bem, eu não confio nesse guia. Você confia? Não queremos perder o horário. Pusemos o Garmin para despertar 10 minutos antes do planejado. Às 6pm começamos a dormir. 6h30 nosso guia nos chama para ver o Cotopaxi... pela primeira vez a grande nuvem saiu da frente. Vimos, tiramos fotos (essa foto ao lado), voltamos a dormir. Não dormi nenhum Segundo… o guia roncava alto e eu estava nervosa ou ansiosa ou os dois. Olhei o relógio, eram 9:50pm. Hora de acordar. Estava tão animada! E com dor de barriga.

Nos vestimos, guia nos deu água quente para chá, apontou o pão, nao comentou do queijo ou do ovo. Quando perguntamos se íamos fazer o ovo, ele disse que não poderíamos usar a cozinha naquele horário, era proibido. Ok... estávamos sem fome na verdade e eu com dor de barriga. Pusemos tudo no carro e fomos até o Parqueadero (estacionamento). Dali em diante começaríamos nossa aventura. Garmim ligado? Ligado! Achou o satélite? Sim. Eu estava vestindo 3 meias, 2 luvas, 3 calças, 4 blusas, 1 casaco, 1 balaclava, 1 cachecol, 1 capacete, 1 lanterna head-lamp, mosquetão e as cordas em volta da cintura (como aquela “cadeirinha” do rapel). Fully equiped.

Começamos a caminhada. Até o glaciar fomos super bem. Paramos apenas 2 vezes para olhar para Quito que estava linda e iluminada... mas cada parada não durou nem 30 segundos. Uma caminhada nada técnica... qualquer pessoa pode fazer, lembrando que tem que ter pernas fortes e pulmão preparado para subidas em alta atitude. É um caminho lindo... tudo ao seu redor brilha! O chão brilha porque é cheio de minerais e está coberto de uma fina camada de neve, com a iluminacão da lanterna a mágica se completa. O céu brilha muito! Daqui é possível ver TODAS as estrelas do hemisfério sul (fácil localizar o Cruzeiro do Sul e Venus) e as do Norte também, afinal estamos na Metade do Mundo. Enjoy!

No meio do glaciar
Chegamos ao glaciar. Parada para um xixi, vestir os grampons e amarrar as cordas nos mosquet vulcões es. Primeiro foi o guia, depois eu, depois o Mic. Sempre nessa ordem, e sempre deixando 5 metros de corda de distancia entre um e outro. Demos os primeiros passos no gelo. Incrível, mágico, lindo, e (pasmem!) fácil! Como o Mic me disse: “you have to trust your gear”. Os grampons funcionam mesmo e você não tem que bater o pé no gelo com toda força. Seus sapatos simplesmente grudam no gelo e você caminha normalmente! Lindo. Aí no caminho você vai pegando a mãnha: nunca pise na neve fofa e linda e branca. Trata-se sempre de um buraco profundo! Então sempre desviando da neve fofa... ok, ok... procurando pisar sempre nas áreas mais escuras. Ok.

A caminhada é contada em 3 passos, não 2. Geralmente caminhamos (1) direita, (2) esquerda, (1) direita, (2) esquerda. Aqui é (1) direita, (2) esquerda, (3) ice pick, sempre mantendo dois apoios fixos para mover o terceiro.

Estávamos subindo, subindo, subindo... tudo igual, nada muda. 45 graus de inclinação. Só a sua respiração que fica mais ofegante. Parar para descansar? Preferíamos parar por pouco tempo, porque ficar muito parado dá frio. Não sentia mais o calor da caminhada... o corpo estava numa temperatura boa, mas os dedos do pé congelando. O nariz gelado, a balaclava molhada por dentro. O quanto mais alto subíamos, mais víamos da cidade de Quito, que estava inicialmente atrás de uma montanha. Estamos muito alto. Muito alto. Tento mecher meus dedos do pé... ainda consigo só um pouquinho. Contei para o Mic... falei: “Mic, I’m sorry but I think I’m not an ice person. My toes are freezing!”. Ele respondeu… sabe, na verdade estou com um pouco de dor de cabeça. Vamos tentar mais 15 minutos e se estiver ruim voltamos? Ok. 

Uns 5 minutos depois, nao consigo mais mecher meus dedos, estou com medo. Tento bater o pé forte no chão para ver se o sangue chega lá... difícil. Vontade de chorar. Eu me sentia bem de respiração, de cansaço, de corpo, de ritmo, mas tinha medo da minha circulação de sangue. O Mic disse vamos voltar. Sim, vamos voltar. Mas quero ver esse lugar de dia... com sol. Podemos combinar com o guia de voltar aqui quando o sol sair. O Mic resolveu confessar tudo o que estava sentindo... ele estava tendo o mal da altitude... a vontade de vomitar só aumentava, e a dor de cabeça também. Conversei com o guia. Completamos 3 horas e 15 minutos de caminhada. Pela previsão do guia ainda faltavam mais de 2 horas até o cumbre, o que seriam os ultimos 500 metros. Começamos a descer. O Mic se sentia até um pouco tonto, e eu podia ver isso na cara dele e em cada passo que ele dava para baixo... ele foi na frente, o guia no meio e eu atrás. O guia foi bem perto do Mic o tempo todo. O que é isso na sua luva? Seu nariz está sangrando... medo. Ufa. Nao era sangue. Bom, depois de tudo isso apenas entramos no carro e voltamos para a cidade. Nem nos preocupamos em voltar lá quando o sol nascesse.

Pelo Garmin fizemos no total (ida e volta) 3,55k em 4h59, numa velocidade média de 0,7km/hora, elevação máxima de 5.155 metros de altitude.

Believe it! Trip Happens!

domingo, 13 de abril de 2014

About earthquakes and volcanoes



I had no thoughts about volcanoes and earthquakes. I am Brazilian and have neither near where I live. If you go to Central America you will naturally climb some volcanoes and feel some earthquakes. So far we climb Pacaya (active), Acatenango (dormant overlooking Fuego, very active), Santiaguito (very active), Cerro Negro (dormant), Telica (active with lava) and Maderas (dormant overlooking Concepcion, active). Earthquakes have lost count and not all were felt. Today, for example, they say were over 40 in Nicaragua, all between 2.8 and 7.1 on Richter scale, and three of them in the city where we are, Granada.

My first earthquake was on top of Santiaguito when I was half asleep... when you're on top of a volcano, 200m from the crater, you don’t sleep well, and on the other hand you are super tired of hiking and climbing for over 7 hours, and therefore you see yourself in a mixed state of tiredness and alertness. Up there, every each hour the volcano gave us a big show. Between one and another I felt "dizzy", like sea sick. I woke Mic up, and said it was not normal, I was feeling strange. At the same moment our guide comes smiling and shouting: "You guys feel it?  I said, yes! But I didn’t know what it was. 

I was worried and the tour guide simply told us not to worry, because it always happens up there, due to the volcano activity. Okay, I thought it was a tremor only there in the volcano, after all it was the first time I slept on a volcano, the first time I saw lava, the first time I felt the rain of ashes... Next day, back to town people were commenting the great earthquake on previous day. Then I knew that we had suffered an earthquake. Since then I can’t stop thinking about earthquakes.

Facts known since the 5th grade are that (1) earthquakes and volcanoes are inherently linked, (2) lava is lovely to look at and (3) eruptions can destroy cities.

Taking the known facts as truth, and having seen lava a few times and suffered some earthquakes in the last two months I'll tell you what we are experiencing this week. The most active week of tectonic plates... they're crazed. They say that in weeks like this have the most beautiful volcanic activities! Lava and ash exploding upwards kilometers into the air, large mushroom-shaped clouds... we want to see that? Yes! Almost all tourists here are looking on the internet site that accompanies the world's earthquakes and volcanoes, ready to rush out, catch a bus and go to the nearest volcano. But, wait... no one is afraid? Really? Looks like not. I have fear and desire to see this wonder. Hoping to be an activity great enough to be seen and photographed and small enough not to hit the city.

A couple of friends yesterday went to Ometepe, a small island where there are two volcanoes, one active. They're staying at the foot of the active volcano, and he posted, with all the enthusiasm: “What to do when earthquakes dramatically increase? Go live on the side of an active volcano isle for a few nights". I wrote to him: “That’s the best option for sure! Remember to follow the evacuation route :-) If Necessary." Indeed, the island has an evacuation route that points toward one of the exits ferry or just throw yourself in the water and swim as much as possible!
Well, we made a friend here at the hostel. Widely traveled, full of stories and adventures, about 60 years old. He said today: "something is cooking; No me gusta. I think it's time to leave this country!" – I think he is right. We bought our ticket to Colombia. We will depart from Nicaragua in 2 days!

Shake Happens. Trip Happens.

quinta-feira, 20 de março de 2014

A ilha dos que nunca voltam. Utila - Honduras.


A ilha dos que nunca voltam. Muita gente, de todo o mundo fica aqui em Utila. Se não é para sempre pelo menos ficam mais tempo do que o planejado. Conosco não foi diferente, ficamos 10 dias a mais do que o planejado (eram 4 inicialmente). São todos backpackers. Casais, solteiros, jovens, mais velhos... todos juntos unidos por uma única e profunda paixão: o mergulho. 




Utila é conhecido como o lugar mais barato do mundo para mergulhar e tirar seu certificado PADI. Eles tem instrutor de todos os níveis para todos os níveis. Onde se hospedar em Utila? Na sua escola de mergulho. Todas elas incluem estadia grátis enquanto durar seu curso. A maioria tem quartos compartilhados, mas se prefere um quarto privado eles conseguem por US$2 a mais por noite, com ventilador de teto. Todos tem cozinha compartilhada e geralmente suja. Para o curso Open Water, se paga de US$275 a US$300 para um curso de 4 dias (que inclui a parte teórica, prática das skills neccessárias em confined water shallow (0,5m) and deep (3m), 12m dive (2x) and 18m dive (2x)) e ainda 2 mergulhos for fun grátis, com acomodacão incluída por 5 dias, ou enquanto durar o seu curso. No meu caso, tive dificuldade em uma das skills, que era tirar a máscara do rosto por um minuto debaixo d’água e continuar respirando normalmente pelo regulator. Demorei mais para encerrar o curso e minha estadia foi completamente grátis (para o casal) até o dia em que recebi meu número de PADI Open Water Diver. 

Vai la! Trip Happens!